"A arte existe para que a realidade não nos destrua." Friedrich Nietzsche



sábado, 20 de novembro de 2010

Divagações noturnas



Hálitos nervosos dispersam-se na atmosfera seca
pálpebras ressequidas no sal dos prantos,
soluços confundem pássaros, como voos
como gritos
rachados pela fúria acesa do sangue
nas cinzas
restos fétidos oscilam entre faróis e nervos
lembranças largadas pelo chão quebrado
como soluços de cicatrizes e de infância
às moscas
aos vermes
satisfeitos, erguem a taça
ao banquete, e celebram
luzes assombram a estrada deserta
entranhas enfronhadas nas ferragens
dissipadas como folhas de outono
fragmentos de respiração ecoam
ressecos
como o tédio,
como a pele exposta ao sol indeciso
feridas abertas roem a
arquitetura das almas
manchadas de estradas paralíticas
sem rostos e sem  veias
sonâmbulas vagueiam
ao ocaso das horas.

3 comentários:

Júnior Matos disse...

"restos fétidos oscilam entre faróis e nervos
lembranças largadas pelo chão quebrado
como soluços de cicatrizes e de infância"

Boa linguagem, tu sabe né...
Te amo, minha escritora favorita!!!

Maria disse...

Júnior, ela é nosso orgulho,a imagem tudo a ver a sensação de tédio é como um caminho escuro vazio...

Henrique disse...

Palavras fortes, profundas... perfeitas.