"A arte existe para que a realidade não nos destrua." Friedrich Nietzsche



quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Dos acordes do mar



Ondas brumas
suspiros celestes n’alma
dos mares
carícias disformes
submersas quase
silentes
almas flutuantes se
beijam e balançam
em ritmos distantes
melodias espumam
na areia
e esfumam-se
em compassados mantras
turvos místicos
quebrados
se desfazem pálidos
como ondas.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Lírica a uma alma perfumada

  

                                                                                                   Para F. Ramos

Teu riso é uma canção em sol maior.
Alegre despertar de flores mudas
em dias de cinza.
Translúcido e compassado
teu riso é decorado de aromas e bordados.
Jacintos e acácias
pequenos
copos-de-leite cintilam à margem
dos dias
a espera humilde dos perfumes
sorrisos.

Teu olhar é um palácio de candura e mansidão
tem estrelas e cintila
assim como a canção.
Ondas e mar se despetalam brandos
em gestos simples,
e se curvam gratos
na breve curva do teu olhar
cuja textura e maciez
acariciam-lhes as margens solitárias
de pupila em pupila estrelas se desfazem
como num concerto de pálpebras
desertas
desertas e mudas.
É que teu olhar turva a maestria das estrelas.

Tua presença é como brisa de outono
branda, silente, morna
tal qual um querubim
quando respira
silente em jardins distantes
seus arcos são resquícios pálidos
de estranha civilização
de pássaros
e suas mãos, como nuvens e asas
todas pandas.