"A arte existe para que a realidade não nos destrua." Friedrich Nietzsche



quarta-feira, 22 de junho de 2011

Sacro silêncio


  “Na insuficiência metafórica, a eminência poética traduz teus silêncios”.

À margem de uma espera
anêmonas acácias
lírios e carvalhos
flutuam em júbilo por sobre
nuvens, pássaros disformes
no azul invisível
de uma estrela que pousa
estala e irrompe
na alma de uma lágrima.

Perfumes místicos traduzem
o orvalho sagrado que apascenta
e descansa
na seda dos olhos
um cântico de rosas gerânios
matizes de cores mudas
enfeitam a paisagem celeste
em sublimes bordados
onde dedos traduzem estrelas

Ecos silentes trasladam
em êxtase
um discurso de faces.
Sublimadas córneas
fotografam silêncios
para fixar o instante.

Um (re)encontro de pétalas
anuncia a estação das cores
flores se rejubilam em pássaros
gritinhos afobados desforram pueris
os semblantes do céu
que sorriem
como crianças em dias de brinquedos.

Perfumes e magnólias contemplam
estarrecidos
as litanias
do silêncio.

4 comentários:

Unknown disse...

Karoline,

Metáforas em profusão. Um sopro, me parece que as metáforas se construíram assim... Que belo poema!

Desse leitor de seus versos,

Vilmar Carvalho

Rhalyne disse...

E eu aqui muda.
Depois de uma imensidão de beleza contida nessas palavras, eu pego meu banquinho e saio de mansinho.

Beijo.

Sérgio disse...

"Perfumes místicos traduzem
o orvalho sagrado que apascenta
e descansa
na seda dos olhos
(...)
Ecos silentes trasladam
em êxtase
um discurso de faces".

Lindo!

Júnior Matos disse...

Ecos, sons, imagens e metáforas...
Tudo isso em um Silêncio. O outro grande poeta Vilmar Carvalho qualificou bem... "Um sopro".
Parece-me isso sua poesia, sopros cantados bem próximo ao ouvido.

Sempre apaixonado por teus textos,

Júnior Matos