"A arte existe para que a realidade não nos destrua." Friedrich Nietzsche



sexta-feira, 9 de abril de 2010

Elegia

                                                             Para meu pai


Valsa melodiosa em meu peito canta
Envolta no palpitar trêmulo desta lembrança
Doces recordações em sinfônica brisa
Achegam-se à alma pueril de outrora criança.
Ternos acalantos revestiam noites assustadas
Embalada no tênue aconchego de mãos cansadas
Um espelho quebrado reflete prófugas venturas
Latente doçura entre pálidos afagos.

Nos mirrados campos celestes, hei-lo que avisto
Em abstratas vibrações, aves revoantes contornam o vazio
Vertiginoso silêncio inunda-me as pálpebras
Rija ligadura é rompida no mistério da inexistência
Num expiro é levado o meu derradeiro alento
O prumo, o último resquício de mim...
Nada mais resta senão...
Um tísico suspiro de saudade.

2 comentários:

Unknown disse...

Uma linda forma de expressar a saudade, aguardando o reencontro!

Ir.Francis disse...

"Ternos acalantos revestiam noites assustadas..."
Como é bom ter uma bela recordação das pessoas que amamos...
Ama, ama, e a pureza do amor nos leva sempre a experimentar Aquele que é o nosso Amor Maior...