sentimentos em Fá Maior a Silviano Serpa, meu avô.
Chorinhos. Partituras discordes e uma Bohemia. Retratos. Ouvi em algum lugar e ficou guardado nas gavetas do inconsciente. Dizia-se que “nenhuma coisa existe onde a palavra quebra”, ainda digo, onde um acorde quebra, e certamente não. Acaso lembranças. E tudo já se diz, por si só. Havia tempos. Tempos que se perdem de vista, ou nos perdem, contudo não nos deixam de todo, e melhor, nos abraçam em meio à vazios existenciais, e à própria existência a qual se apoiam. E como até, que para atenuar lembranças.
Ainda sinto o cheiro da fumaça em que se debruçavam as noites trigueiras, as quais presenciava cheia de percepção e encantamento àqueles contraltos em dueto. Ao som de violões e bandolins, os dias de infância pareciam cânticos, e dançavam, como se fossem os bemóis por ele emitidos, ou melhor, por ele doados, com toda a maestria de um trovador. Risos soltos pelas escadas, janelas acordadas, como que à espera de um pequeno esgar de um sustenido trazido pelo vento. Esquinas de portas abertas, mesas. As ruas sorriam como crianças em dias de brinquedos. As ladeiras com seus olhos de lua, recitavam trovas à esperança daquelas vozes dissonantes que lhe acompanhariam em suas madrugadas nuas. Quartos quietos, cigarros, jogos de mesa, Nelson. Roncos de cuíca ecoavam. As meia-luzes das noites vadias confundiam auroras com chorinhos de ouro. Memórias assumiam trejeitos de puta. A fumaça dos cinzeiros abarrotados de filtros de cigarro barato pesava o ambiente. Ao pé da ladeira, violões corneados discutiam fossas. Ao cume, alguém declamava as memórias do Café Nice. Saudade.