"A arte existe para que a realidade não nos destrua." Friedrich Nietzsche



quarta-feira, 22 de junho de 2011

Sacro silêncio


  “Na insuficiência metafórica, a eminência poética traduz teus silêncios”.

À margem de uma espera
anêmonas acácias
lírios e carvalhos
flutuam em júbilo por sobre
nuvens, pássaros disformes
no azul invisível
de uma estrela que pousa
estala e irrompe
na alma de uma lágrima.

Perfumes místicos traduzem
o orvalho sagrado que apascenta
e descansa
na seda dos olhos
um cântico de rosas gerânios
matizes de cores mudas
enfeitam a paisagem celeste
em sublimes bordados
onde dedos traduzem estrelas

Ecos silentes trasladam
em êxtase
um discurso de faces.
Sublimadas córneas
fotografam silêncios
para fixar o instante.

Um (re)encontro de pétalas
anuncia a estação das cores
flores se rejubilam em pássaros
gritinhos afobados desforram pueris
os semblantes do céu
que sorriem
como crianças em dias de brinquedos.

Perfumes e magnólias contemplam
estarrecidos
as litanias
do silêncio.

sábado, 11 de junho de 2011

Devaneios lícitos



Em Campos Elíseos desponta
e paira
no fecho da pupila
perfumados fios
d’água.

Em tempos humanos
crisântemos traduziriam
suas estrelas
e pássaros fotógrafos guardariam
os semblantes
de suas almas.
Na ausência do ser,
alma é sustentáculo.

(Às vezes chove, às vezes minto)
sou toda ecos.

Sublime é a face do silêncio.
Em contemplação à própria face,
persigna-se.
A alma.