As raízes do nada
sob cortinas disformes da alma
impregnam-se nas cinzas do ser
o ser disforme
e o nada convertido em sal
o sal do ser
cortina de poros descortinados
ressequidos
estrelas decaídas
putrefatas
riscos niilistas
caracteres fétidos
a alma.
Palavras estarrecidas
matéria disforme
risos nefastos
e de contornos grávidos
paradigmas
sistemas
preâmbulos toscos
versos se completam nas barras das saias do tédio
o tédio de ser
aquilo descrito sob e sobre as mentiras
Desejo
aquele ócio
cinzento, macabro, agonizante
destrói o nada
destrói a grandiloquência
a grandiloquência do ser
irrompe na matéria
nas compilações precárias
do sublime
encarquilha as veias
do intelecto preso
aos troncos, aos poros, as entranhas
na subjetividade
daquilo que É.
O desejo
maníaco
manipula a alma
que cede as suas carícias plenas, impostas
adentra o ser
convida repressões contidas a ficarem
ora, penetram nos cômodos
de sistemas primários
magoando cicatrizes grilhosas
com impiedade
destrói o ser
destrói o nada
e o nada é tudo.
"Torna-te aquilo que és." Friedrich Nietzsche
A Coisificação do ser
Ora, pois.
Aquilo que é não deixa de ser.
O pó é o ser, o ser é o pó.
Pulvis es, et in pulverem reverteris.
Acerca do pó, aquilo que é se reduz a nada, porque é pó.
Mas não deixa de ser.
O nada é o ser, e o ser é tudo.
“Torna-te aquilo que és, [torna-te pó], cria raízes profundas dentro do nada, vira cinza e aprende a SER.” Friedrich Nietzsche