Para Maria Antoniêta, minha mãe.
Valsas dedilham acordes sobre um santuário em mármore. Púrpuras pétalas ecoam puerícias nas portas e janelas do sobrado quase tosco, não fossem persianas verde-jade resvalando suntuosas pelos recantos dísticos do verso. Discreta mobília observa surda o bailar da música. Ouvem-se cantigas de rodas a muito perdidas, esvaídas como pássaros distantes. Seu olhar transmuta em aves solenes valsando acordes amarfinados no denso céu de minhas estrelas. Breve silêncio de pálpebras entoa tímido canções de amanhecer. Pálidos jacintos afloram celestes à luz da aurora estonteante do teu riso. Teu riso. Tempos de brisas e de retratos pálidos que se esvaem líquidos à flor dos olhos.
Místicas nuvens transferem à paisagem punhados orvalhados de pétalas e de perfumes. O dia parece claro. Teus semblantes traduzem os mistérios do medo, e da chuva. O borboletear do teu coração trepida em meus pulmões e todo o meu sangue persigna-se diante de ti. Tu’alma, ó, minh’alma!, configura-se em ti como tecidos e bordados no copular de tuas pétalas... Tuas pétalas, ó, flor, são jardins celestes, abertos em mim.